Debate para uma vida sustentável em harmonia com a natureza é tema do evento sediado na Suécia em comemoração aos 50 anos da Conferência de Estocolmo
Uma só Terra. Esse é o tema do dia Mundial do Meio Ambiente, que acontece oficialmente, dia 5 de junho. A Suécia foi o país escolhido para sediar o evento e promover o foco na vida sustentável em harmonia com a natureza. Além disso, 2022 é o ano em que se completam 50 anos da famosa Conferência de Estocolmo, que marcou o dia 5 de junho como Dia Mundial do Meio Ambiente.
O evento é liderado pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e tornou-se uma plataforma global com o objetivo de inspirar mudanças positivas, engajar comunidades, governos, empresas e sociedade civil. Neste ano, a Suécia, como país pioneiro em ações ambientais, apresentará projetos desenvolvidos ao longo dos últimos 50 anos com o intuito de reforçar a necessidade de inovação e práticas sustentáveis para as próximas décadas.
O Dia Mundial do Meio Ambiente é um grande alerta para as necessidades mais urgentes do planeta e, segundo as Nações Unidas, esse é “o principal meio para sensibilizar pessoas e promover a ação mundial em prol do meio ambiente”. Desse modo, a cada ano o evento busca promover iniciativas para enfrentar as principais crises ambientais e, por isso, convida comunidades do mundo todo para debater questões alarmantes, como a crise climática, poluição dos mares e restauração dos ecossistemas danificados.
Um universo com bilhões de galáxias e bilhões de planetas, mas uma só Terra!
Não temos para onde ir, esse é o único planeta que podemos chamar de casa e seus recursos não são infinitos. É nosso dever cuidar deles para que possamos preservar o meio ambiente e a humanidade. Por isso, a campanha #umasóterra busca convocar uma ação coletiva em escala global para celebrar, proteger e restaurar nosso planeta, que se encontra em estado de emergência.
A mensagem deste ano é a defesa da mudança ambiental por meio de uma vida sustentável em harmonia com a natureza. E para ilustrar o tema, o Grão convidou Karin Rodrigues, ativista e integrante do movimento desperdício zero, consultora em comunicação para sustentabilidade e criadora de conteúdo na plataforma Por Favor Menos Lixo, para uma entrevista sobre as questões ambientais que estamos vivendo em 2022.
– Fale um pouco sobre o tema deste ano
Karin: Até agora, existe um só planeta onde nós e os serres vivos que conhecemos podemos habitar. O planeta Terra é nossa origem, nossa casa e quem fornece todas as condições para nossa sobrevivência. A gente não precisa de Marte e nem de ninguém buscando outros planetas como solução de nada. É perfeitamente possível que todes nós habitemos em harmonia e com abundância para todes aqui. Mas, para isso, nossa forma de viver precisa ser sustentável
– O tema “Uma só Terra” tem o propósito de celebrar, proteger e restaurar nosso planeta. Ele também foi o tema usado na campanha da famosa conferência de Estocolmo, 50 anos atrás. Na sua opinião, por que ainda precisamos mais uma vez reforçar essa mensagem em 2022?
Karin: Porque só piorou. 50 anos atrás a ciência deu um alerta, mas as pessoas ou não entendem muito bem, pois parece tudo muito improvável, ou são negacionistas. Os encontros pelo clima são acordos e compromissos que as lideranças de cada país fazem. Mas não é lei e nem tem como ser. No final das contas, troca administração pública e os esforços não são continuados. Pra piorar vem a ganância de muita gente que lucra em cima de poluição. As indústrias e grandes corporações, que têm maior impacto no meio ambiente seguem a legislação, mas só fazem o mínimo onde são obrigadas, seja por falta de bom senso ou por ganância mesmo. E assim se passaram 50 anos e estamos num colapso ambiental, por isso a mensagem precisa ser reforçada e soluções implementadas.
– A campanha ambiental deste ano também preza muito pelas ações coletivas e engajamento das comunidades, quais ações a sociedade no geral pode buscar para realmente fazer a mudança?
Karin: É difícil enumerar soluções, principalmente pela diversidade de culturas e regiões do mundo. Falamos que os problemas são globais, mas as soluções são locais. Resumidamente precisamos reduzir em pelo menos 50% (ou zerar) as emissões de gases de efeito estufa. Isso é possível substituindo fontes de energia de petróleo e carvão, por energia limpa. Também precisamos frear o desmatamento e regenerar as áreas devastadas, já que as florestas e vegetação nativa preservam água e funcionam como filtros de CO2. Nós podemos usar nosso poder de voto, para eleger políticos que colocam a crise climática como prioridade em seus planos de governo. Também podemos cobrar a legislação vigente, muitas vezes ignorada. Mas eu acredito que um fator importantíssimo do nosso engajamento individual não deve ser ignorado. As mudanças de hábito individuais por menos consumo e por mais consciência na hora de fazer escolhas mudam nossas perspectiva, abrem a cabeça e nos estimulam a nos juntarmos com mais pessoas pensando igual. Essa é uma das formas de criar comunidades e coletivos.
– Como se trata de uma assunto global, como você vê o nosso país em relação às questões ambientais mais urgentes?
Karin: O Brasil tem todo potencial de ser referência em mitigação climática e de construir soluções regenerativas e sustentáveis. Temos abundância de sol e vento para energia limpa. Dispomos de saberes e tecnologias ancestrais para cuidarmos do solo e plantarmos comida sem necessidade de desmatar nada. Há excelentes profissionais, pesquisas e estudos que comprovam soluções em grande escala também. A perspectiva é boa, porém sem liderança no governo federal e nas esferas públicas, estaduais e municipais fica muito difícil. Desde o governo Temer, temos ido de mal a pior.
– Temos um território muito rico em recursos naturais, mas ao mesmo tempo sofremos com má gestão governamental, falta de políticas públicas, desmatamento
e pouco incentivo à preservação do meio ambiente. Diante desse cenário, ainda é possível ter uma vida sustentável em harmonia com a natura? Se sim, como?
Karin: Sim, é totalmente possível. Mudar nossa mentalidade e entender a urgência da causa
são os primeiros passos.