Hoje é comemorado o dia das mulheres no mundo todo e apesar de tantas conquistas, refletir sobre a desigualdade de gênero, ainda tão presente, é mais do que necessário, especialmente quando se trata de mercado de trabalho.
Para entender melhor esse cenário, é preciso fazer um panorama comparando a presença de mulheres no mercado dez anos atrás com os dias de hoje. Dados de uma pesquisa publicada pelo IBGE em 2010 revelam que o quantitativo de ocupação em cargos de administração pública, defesa e seguridade social era de apenas 152.042 mulheres, enquanto dos homens era de 300.908.
No entanto, quando se trata das atividades domésticas, a situação se inverte. Ainda em 2010, cerca de 566.812 mulheres dedicavam boa parte do seu tempo aos serviços da casa, já os homens, apenas 52.956 deles. Apesar de uma mudança considerável, os números de dez anos atrás ainda refletem a realidade das mulheres atualmente.
De acordo com uma análise sobre as condições de vida do brasileiro também feita pelo IBGE, em 2019, os indicadores do mercado de trabalho apontam que os homens continuam prevalecendo nesse setor. Os dados evidenciam a desproporção na força de trabalho, já que o sexo masculino representa 72,5% da população brasileira, enquanto o feminino estava em somente 53,7%.
A dificuldade em conseguir um cargo bem posicionado pode-se explicar pelas horas destinadas à responsabilidade de cuidar do lar. Em muitos casos, a rotina cansativa e a dupla jornada acabam interferindo no rendimento de outras tarefas. Da mesma forma, esses números refletem a ausência de políticas públicas específicas que assegurem a diminuição da desigualdade de gênero. Mas, mesmo com o passar dos anos, a história segue se repetindo.
Segundo a pesquisa mais recente do IBGE publicada em 2020 sobre formas de trabalho, a base de dados indica que a realização de afazeres domésticos era de 92,1% para mulheres e 78,6% para homens. Além desses, outros números foram levantados e que justificam essa situação. As mulheres que não estão inseridas no mercado de trabalho formal dedicam 24 horas semanais do seu tempo às atividades da casa, enquanto os homens apenas a metade.
Embora os números sejam fontes importantes para ilustrar o cenário da desigualdade de gênero no país, eles não são suficientes para representar a luta diária. O silenciamento de uma mulher no ambiente de trabalho, a imposição da obrigação de cuidar da casa e dos filhos sozinha, os assédios e a falta de respeito não estão escritos. Essas dores são sentidas e caladas. O dia 8 de março é um dia em muitos. Hoje, é sobre comemorar as conquistas de outras mulheres e continuar lutando por elas e por todas.