Carreira e ascensão feminina: dados mostram desigualdade no ambiente de trabalho e evidenciam as dificuldades enfrentadas pelas mulheres
8 de março é comemorado oficialmente o Dia Internacional da Mulher. Hoje o dia começa com as redes sociais cheias de postagens, mensagens de valorização e empoderamento, flores, elogios e parabéns. Mas a pauta do dia deveria trazer o seguinte questionamento: na prática, no dia a dia da mulher, em casa ou no trabalho, será que a realidade é essa ou tudo isso é feito só para cumprir um protocolo de comemoração?
No texto de hoje vamos abordar sobre as dificuldades que as mulheres enfrentam no ambiente de trabalho e entender porque não devemos associar esta data apenas à comemorações. Além de buscar reconhecimento e valorização, existem batalhas e desafios que só as mulheres enfrentam diariamente e por isso precisamos falar deles.
Ainda que seja importante reconhecer cada conquista, a jornada é longa e a luta continua todos os dias. Verdade seja dita: elas precisam ter um esforço redobrado para se destacarem, especialmente em locais onde predominam homens. Exemplo disso é o mercado de trabalho, sabemos que a desigualdade é gritante, especialmente quando se trata de salários. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), no ano de 2019 a diferença de salários entre homens e mulheres chegou a 17,5%.
Outras barreiras são ainda mais complexas quando se trata da ascensão a cargos de liderança. O levantamento feito pela BR Rating, agência de governança corporativa no país, aponta que apenas 3,5% de empresas nacionais e multinacionais no Brasil são comandadas por CEOs mulheres. Diante disso, mesmo em pleno século XXI, as mulheres ainda precisam lidar com preconceitos antigos que dificultam sua busca por trabalho digno. A múltipla jornada, a maternidade e a obrigação imposta para cuidar das tarefas de casa são motivos que diminuem as oportunidades para as mulheres.
No entanto, de acordo com a lei, nenhuma dessas questões deveriam ser um problema. Precisamos destacar que desde 1943 as mulheres têm seus direitos concedidos na CLT em relação à maternidade, como a licença e a estabilidade após o retorno ao trabalho. Esse e outros direitos devem ser assegurados, mas quando uma mulher se impõe e tem conhecimento de suas garantias ela não é bem vista. Sua figura está ligada apenas a fragilidades ou na incapacidade de lidar com situações complexas. A maior barreira é vencer o preconceito, o estereótipo de sexo frágil ainda é dominante, sabemos que o passado excludente na história das mulheres traz consequências até hoje. Não é à toa que, segundo uma publicação no site de recrutamento e seleção vagas.com, 33% das mulheres sofrem assédio no ambiente de trabalho.
Por fim, voltando à questão inicial do texto e levando em conta os dados mencionados, as comemorações de 8 de março são válidas? Sim, elas são e também são importantes para mostrar às mulheres o quanto elas merecem ser valorizadas, seja no trabalho ou em qualquer lugar. Todas têm o direito de se sentirem livres e dignas de ocuparem cargos importantes, posições de destaque e ter mais oportunidades. Justamente por isso, não podemos deixar de lado os problemas que elas enfrentam diariamente, afinal, antes de comemorar ou dar os parabéns, é importante acolher, apoiar e lutar junto com elas, pelas causas delas. O maior presente que qualquer mulher merece ganhar é o respeito. Todos os dias.